Villas&Golfe Moçambique
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Os acontecimentos que marcaram os últimos 20 anos


PMmedia Pub.
Retroceder no tempo, quase sempre, é um exercício que nos desperta o mais português dos sentimentos: a saudade. Olhando para trás, para o que foram estes últimos 20 anos, preto no branco, ficamos admirados: com a velocidade do passar das horas, com as memórias que conseguimos acumular, com o quanto mudámos. Há duas décadas, estávamos, de facto, noutro país e noutro mundo. Consigo desse lado, temos, desde aí, caminhado junto, atentos aos momentos, às pessoas e aos detalhes que acabaram gravados na espuma dos dias. As páginas que se seguem são, assim, um voo rápido ao ADN da História que trilhamos em conjunto, desde a primeira edição. Dizia John Lennon: «um sonho que sonhes sozinho é apenas um sonho. Um sonho que sonhes em conjunto com outros é realidade». Graças a si, a Villas&Golfe tem sido uma realidade que está para durar.


2001
Deste ano em diante, nada voltou a ser igual. 2001 tem a característica de ter mudado o mundo para sempre, mas também nos mudou, até hoje, no plano nacional. Logo a 4 de março, o país ficou em choque com a tragédia de Entre-os-Rios, quando a ponte Hintze Ribeiro colapsou e atirou ao Douro um autocarro com 53 passageiros e três automóveis com seis viajantes. Ninguém sobreviveu. O acidente provocou a demissão do então ministro do Equipamento Social, Jorge Coelho, falecido em abril de 2021, que proferiu a célebre declaração: «A culpa não pode morrer solteira». O país, e o mundo, voltaria a ficar incrédulo com as imagens que passavam na televisão a 11 de setembro. Dois aviões despenharam-se contra as Torres Gémeas, em Nova Iorque, provocando a queda dos icónicos edifícios. Nesse dia, 2996 pessoas perderam a vida nos atentados. O primeiro de dezenas de ataques reivindicados pelo grupo terrorista Al-Qaeda, liderado por Osama Bin Laden. Curiosamente, nesse mesmo dia, a redação da Villas&Golfe fechava a sua primeira edição. Como aqui já se escreveu, nada voltou a ser igual.

F. Marta Posemuckel
2002
O momento histórico tinha dia e hora marcados. A 1 de janeiro, 12 países da União Europeia, com um total de 308 milhões de habitantes, adotaram o Euro, deixando para trás as moedas nacionais. Tratou-se da maior transição monetária da História. No caso de Portugal, foi o adeus ao Escudo. Mas as mudanças continuaram. No mês seguinte, a 8 de fevereiro, as comportas da Barragem do Alqueva foram encerradas para fazer nascer o maior lago artificial da Europa. Nem toda a gente estava contente. Ainda assim, o então primeiro-ministro, António Guterres, deu a ordem: «Vamos dar início à operação que permite que a Barragem de Alqueva comece a encher». Aconteceu quase três décadas depois de o país ter iniciado a discussão sobre a sua necessidade. A submersão da Aldeia da Luz foi o principal impacto social do projeto. Ainda no mesmo ano, depois de duas décadas de ocupação indonésia, Timor-Leste tornou-se independente a 20 de maio. Portugal, antiga potência colonizadora do território, desempenhou um papel relevante na obtenção desse estatuto por parte dos timorenses.
2003
Marcada pela esperança e pelas muitas incertezas, a tomada de posse presidencial de Lula da Silva foi vista como um momento de viragem no Brasil. Mas foi a ameaça de um conflito armado no Iraque que dominou o noticiário internacional, quando o então secretário de Estado americano, Colin Powell, argumentou, perante as Nações Unidas, que o Iraque possuía armas de destruição maciça. Na mesma altura, o primeiro-ministro português, Durão Barroso, foi o anfitrião da Cimeira das Lajes, nos Açores, onde recebeu Tony Blair, George W. Bush e José Maria Aznar para combinarem a invasão do Iraque, apesar de várias manifestações antiguerra estarem a acontecer em diversas cidades europeias. Em março, os EUA anunciavam ao mundo o arranque da segunda guerra em solo iraquiano. No mesmo ano, a Ciência deu um salto gigantesco. O Projeto Genoma Humano foi descodificado a 99,99%. Cientistas de seis países apresentaram a descoberta da sequência a que chamaram «o livro da vida», que veio facilitar a compreensão do funcionamento do corpo humano e de determinadas doenças. Já a 26 de novembro aconteceu o último voo oficial do Concorde, o mais icónico e supersónico avião alguma vez construído.
F. Aynur Zakirov
2004
Inicialmente, a revista Science designou a descoberta de água em Marte como o maior feito do ano. O Rover Opportunity, da NASA, descobriu em Marte rochas arredondadas que foram apelidadas de «mirtilos». Mais tarde, veio a confirmar-se serem hematites. No entanto, não foi possível avaliar os níveis de ferro presentes e, assim, saber se armazenavam água. No mesmo ano, Mark Zuckerberg e outros três colegas criaram a rede social Facebook. Mais tarde, viria a ser a plataforma mais utilizada de sempre. No desporto, o Velho Continente vibrou com o Campeonato Europeu de Futebol, que teve lugar em Portugal. A Grécia venceu a competição ao bater a Seleção das Quinas na final por 1-0. A prova foi considerada pela UEFA como um dos melhores e mais bem organizados europeus de futebol de sempre. Para pôr de pé o evento desportivo, Portugal construiu e renovou dez estádios que custaram cerca de 665 milhões de euros. Antes de o ano acabar, uma tragédia abalou o mundo quando um tsunami na costa oeste de Sumatra, na Indonésia, a 26 de dezembro, matou mais de 230 mil pessoas de 14 países.
2005 
Nas eleições de fevereiro, o PS viria a ter a primeira maioria absoluta da história do partido, dando início a um Governo chefiado por José Sócrates, após o presidente Jorge Sampaio ter demitido o primeiro-ministro Santana Lopes, apenas quatro meses depois de lhe ter dado posse. No coração da Europa, Angela Merkel foi eleita chanceler, transformando-se assim na primeira mulher a ocupar este cargo na Alemanha, no qual permanece até hoje. Mas antes disso, a 2 de abril, morreu o Papa João Paulo II. A 24 de abril, o Papa Bento XVI assumiu oficialmente o pontificado na Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano. Nos EUA, o furacão Katrina causou severas inundações em Gulfport, Mississippi e Nova Orleãs, no Estado do Louisiana. Uma das piores tempestades da história naquela região. E, no Reino Unido, quatro homens-bomba atacaram o centro de Londres causando 53 mortes. Voltando a Portugal, o ano ficou igualmente marcado pela chegada da Ryanair ao Porto, que também alargou as suas escalas em Faro.
F. José Manuel Ribeiro
2006
Gravado na memória ficou também o ano em que Cavaco Silva sucedeu a Jorge Sampaio na Presidência da República. O país foi o anfitrião da mais mediática prova de todo-o-terreno mundial. O Rally Lisboa-Dakar partiu, pela primeira vez, da capital portuguesa em direção ao Senegal. Pelo meio, mais um motard perdeu a vida. O país também não esqueceria a vitória do luso-nigeriano Francis Obikwelu que se sagrou campeão europeu dos 100 metros e dos 200 metros, nos Europeus de Atletismo, realizados em Gotemburgo, na Suécia. No mesmo ano, no Porto, dá-se um caso que choca o país, «Gisberta», uma transsexual sem-abrigo, de nacionalidade brasileira, é torturada e lançada para dentro de um poço, acabando por morrer. Os autores do crime foram 13 adolescentes, que viviam à guarda das oficinas de São José, na Invicta. Antes da virada do ano, mais precisamente a 30 de dezembro, a imprensa mundial noticiava a morte, por enforcamento, do ex-líder iraquiano Saddam Hussein, condenado à morte, um ano após a invasão ao Iraque pelos EUA, então sob a administração de George W. Bush.
2007
O país legalizou, em fevereiro, por referendo a despenalização do aborto (Interrupção Voluntária da Gravidez). A 4 de maio, os meios de comunicação internacionais rumaram a Portugal, pelos piores motivos. No dia anterior, Madeleine McCann (Maddie) desaparecera do quarto onde dormia, no aldeamento turístico da Praia da Luz, Algarve. Tinha quatro anos e nunca mais foi encontrada. Meses depois, em julho, começou a crise financeira conhecida como Subprime, a partir da queda do índice Dow Jones, motivada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco, prática que arrastou vários bancos para a insolvência, repercutindo-se nas bolsas de valores de todo o mundo. O que não fez com que a Apple Inc. atrasasse o lançamento do primeiro modelo de telefone inteligente, o iPhone. O ano terminou com a assinatura do Tratado de Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, durante a penúltima Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia. Tratou-se de um documento reformador que trouxe muitas mudanças ao funcionamento e às competências das diferentes instituições europeias.
2008
Surpreendentemente, a 19 de fevereiro, Fidel Castro renunciou à presidência e ao comando das forças armadas em Cuba, ao fim de 32 anos naquele cargo. Nos EUA, também se fez história em 2008, quando os americanos elegeram para 44.º presidente um advogado e político afro-americano. O senador Barack Obama e seu candidato a vice, Joe Biden, ambos do Partido Democrata, derrotaram os republicanos John McCain e sua candidata a vice, Sarah Palin. No mesmo ano em que começa a Era Cristiano Ronaldo. No Manchester United há já cinco anos, o futebolista ganhou a primeira Bola de Ouro da sua carreira, tornando-se no terceiro português a ser considerado o melhor jogador do mundo, depois de Eusébio e Luís Figo. Mas nem tudo foram boas notícias. A crise financeira internacional, que teve início em 2007, ganhou vapor e saltou das páginas financeiras dos jornais para as manchetes. Piorou com a falência do banco de investimentos americano, Lehman Brothers, o primeiro a fazê-lo desde o início da crise. A 2 de outubro foi oficial: irrompeu a pior crise financeira mundial desde 1929.
F. Angelo Giordaro
2009
Mais do que um piloto, um herói. A 15 de janeiro, Chelsey Sullenberger tomou a difícil decisão de amarar o A-320, da US Airways, no Rio Hudson, em plena cidade de Nova Iorque, após detetar falhas nos motores do avião. Qual cena de filme: nenhuma vida se perdeu e foi aplaudido de pé pela façanha. Em junho, a Organização Mundial da Saúde declarou que a gripe A (H1N1), conhecida como ‘gripe suína’, se encontrava em estado de pandemia, sendo a primeira pandemia do século XXI e do Terceiro Milénio. Em agosto, Portugal perdeu um dos seus melhores artistas: Raul Solnado, humorista, apresentador de televisão e ator, morreu, aos 79 anos, vítima de doença cardiovascular. E a 25 de novembro, aquele que era conhecido como o «Rei da Pop» é levado para o hospital de Los Angeles, na sequência de uma paragem cardíaca. Michael Jackson não sobreviveu. Tinha 50 anos. Em outubro, Barack Obama ganhou o Nobel da Paz, notícia que surpreendeu o próprio e também a comunidade internacional. No discurso da entrega da distinção, o presidente americano defendeu o envio de mais soldados para o Afeganistão.
2010
Em fevereiro, um temporal afetou a Ilha da Madeira, causando 47 mortos, 600 desalojados e 250 feridos. Passados três meses, o país recebeu a visita do Papa Bento XVI, cujo principal propósito foi a celebração do 10.º aniversário da beatificação dos pastorinhos de Fátima (Francisco e Jacinta Marto) e o contacto com as dioceses do Porto, Leiria-Fátima e Lisboa. Ainda no mesmo mês, a 17 de maio, o presidente da República promulgou uma importante lei: Portugal passou a ser o oitavo país do mundo a realizar casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo. Do outro lado do oceano, em outubro, o Brasil elegeu a sua primeira mulher presidente, Dilma Rousseff. E a 18 de dezembro, estalou, no Médio Oriente e no Norte de África, uma onda revolucionária, conhecida como Primavera Árabe. A repressão de alguns governos levou a protestos de resistência civil, manifestações, comícios e à utilização de redes sociais, ferramenta que desempenhou um papel crucial na demissão de líderes há várias décadas no poder.
2011 
Uma notícia dada sem rodeios: passados dez anos sobre os atentados de 11 de setembro, o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou a morte de Osama Bin Laden, líder da organização terrorista Al-Qaeda, capturado num esconderijo, no Paquistão. Na sequência do início da Primavera Árabe, morreu também o ditador da Líbia, Muammar al-Kadafi. Quem também pereceu foi a cantora britânica Amy Winehouse, aos 27 anos, vítima de uma overdose, e o americano Steve Jobs, fundador da Apple, devido a um cancro. No Japão, um acidente na usina de Fukushima I revelou-se o maior desastre nuclear desde Chernobyl. Em Portugal, viveram-se tempos conturbados. A 6 de abril, o primeiro-ministro José Sócrates anunciou ao país que precisava de pedir ajuda financeira externa. Fê-lo após Fernando Teixeira dos Santos, então ministro das Finanças, ter dito numa entrevista que era «necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro europeu», defendendo assim o pedido de resgate à Troika, à revelia de Sócrates. Mas nem tudo foi mau. Nesse ano, o arquiteto Eduardo Souto de Moura recebeu o prémio Pritzker, galardão considerado o Nobel da Arquitetura.
2012
Com o aumento do desemprego e o aprofundamento da crise económica na Europa, o ano começou e acabou mergulhado na incerteza. Lá fora, Barack Obama foi reeleito presidente dos EUA e a ONU reconheceu a Palestina como um «Estado observador não membro». A Ciência também agitou as águas quando foi descoberta a «Bóson de Higgs», conhecida como «a partícula de Deus», que teria dado origem à massa de todas as outras partículas. Um passo importante na compreensão da origem do Universo. Foi também em 2012 que morreram nomes como a cantora Whitney Houston, o astronauta Neil Armstrong, primeiro homem a pisar a Lua, e o renomado arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. O ano foi ainda marcado pelo naufrágio do navio de passageiros italiano Costa Concordia, ao largo da Isola del Giglio, região da Toscana, depois de ter batido contra uma rocha, na sequência de uma manobra malsucedida do comandante Francesco Schettino, um dos primeiros a abandonar a embarcação. Morreram 32 pessoas. Por fim, destaca-se o 60.º aniversário da Rainha Isabel II como líder da monarquia do Reino Unido e da Commonwealth.
2013
As surpresas, decisões e revelações foram muitas. O Papa Bento XVI abdicou do pontificado, algo que já não acontecia desde o século XIII. Para seu sucessor foi eleito Jorge Mario Bergoglio, o primeiro Papa latino-americano, o primeiro não europeu em 1200 anos e o primeiro Papa jesuíta. Foi também o primeiro líder da Igreja Católica a escolher o nome Francisco, uma referência a São Francisco de Assis. Na Ciência, a carne de laboratório – produzida por cultura in vitro de células animais – começara no início dos anos 2000, mas o primeiro hambúrguer feito com carne de cultivo só foi apresentado em 2013. Já as revelações de Edward Snowden trouxeram para a opinião pública a questão da espionagem e mudaram a forma como damos importância à vida digital, sobretudo à proteção de dados e privacidade. As denúncias feitas pelo analista a alguns meios de comunicação, em que acusava os EUA e o Reino Unido de vigiar e espionar ilegalmente, através dos seus meios eletrónicos, governos e empresas de vários países, gerou indignação global. Este também foi o ano da morte de Nelson Mandela, líder político que se destacou contra o Apartheid, na África do Sul.
2014
Sem surpresa, Cristiano Ronaldo ganhou novamente o prémio de melhor jogador do mundo e foi agraciado com a condecoração de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. O surto que ocorreu na África Ocidental foi a epidemia que mais disseminou a doença pelo vírus Ébola, causando enorme perda de vidas e, consequentemente, alterações sociais e económicas, em especial na Guiné, Libéria e Serra Leoa. O futebol também ficou de luto com a morte, aos 71 anos, de Eusébio, o «Pantera Negra», após sofrer uma paragem cardiorrespiratória. Quem também pereceu foi o escritor colombiano Gabriel García Marquez, aos 87 anos. Em março, a Crimeia, uma região autónoma do sul da Ucrânia, aprovou por referendo a sua ‘anexação’ à Rússia. A 21 de novembro, José Sócrates, ex-primeiro-ministro, foi preso preventivamente por suspeita dos crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. E mesmo quase a terminar o ano, num momento histórico, os EUA anunciaram que iriam retomar as relações diplomáticas com Cuba, ao fim de 53 anos de embargo económico, comercial e financeiro.
2015

A Al-Qaeda voltou a lançar o terror. Nesse ano, foi França quem mais sofreu. Entre 7 e 9 de janeiro, terroristas mataram um total de 17 pessoas num ataque que começou na sede do jornal satírico Charlie Hebdo. Passados dez meses, Paris voltou a viver o medo do terrorismo. Em novembro, morreram 130 pessoas às mãos de um grupo ligado ao Daesh. Três bombistas suicidas fizeram-se explodir no exterior do Stade de France, em Saint-Denis. Outro grupo disparou sobre cafés e restaurantes. Um terceiro levou a cabo um tiroteio durante um concerto na sala de espetáculos Bataclan. Mas, nesse ano, a capital francesa tornou-se um marco histórico também pela assinatura de um acordo para a redução das emissões globais de gases do efeito de estufa, que envolveu todos os países do mundo. Em Portugal morreu, com 106 anos, o cineasta Manoel de Oliveira, mas o país também viu nascer a «geringonça». A coligação PSD/CDS tinha vencido as eleições, embora sem maioria absoluta. Porém, o PS, que tinha ficado em segundo lugar, comandou o primeiro acordo à Esquerda em democracia e assim conseguiu formar Governo, juntamente com o PCP, BE e PEV.
2016
Com maioria absoluta, Marcelo Rebelo de Sousa venceu as eleições presidenciais desse ano. Em maio, é inaugurado o Túnel do Marão, o maior da Península Ibérica. Já a fuga de informação conhecida como «Panama Papers» foi um dos maiores escândalos de evasão fiscal de sempre, envolvendo milhões de documentos sobre empresas offshore. Por cá, aos 109 minutos, Éder recebeu a bola de João Moutinho e marcou o golo que deu a Portugal o título de Campeão Europeu de Futebol. Já o Reino Unido, num referendo histórico, decidiu sair da União Europeia. Em novembro, os americanos escolhiam um empresário e ex-estrela de reality show para ser o 45.º presidente dos EUA. Donald Trump tornou-se o homem mais poderoso do mundo, derrotando a democrata Hillary Clinton. Pouco depois, a Websummit chegava a Portugal, reunindo mais de 50 mil pessoas no Parque das Nações, em Lisboa, para discutir as grandes inovações tecnológicas e o empreendedorismo. A morte do ex-presidente cubano, Fidel Castro, aos 90 anos, também mereceu a atenção internacional, bem como a queda do avião ao serviço da Associação Chapecoense de Futebol, na noite de 28 de novembro. Quase toda a equipa que ia a bordo morreu.
2017 
O momento trouxe prestígio a Portugal: António Guterres deu início a um mandato de cinco anos como secretário-geral das Nações Unidas, escolhendo o clima como uma das suas prioridades. Salvador Sobral conquistou a Eurovisão com o tema Amar pelos Dois, tornando-se no primeiro português a conseguir a proeza. Emmanuel Macron tomou posse aos 39 anos, e é, até à data, o mais jovem presidente da História da França. Também foi em 2017 que morreu, aos 92 anos, Mário Soares, político português e antigo presidente da República. Os incêndios de junho, em Pedrógão Grande, e de outubro, em 27 concelhos da região centro, ficarão para sempre na memória dos portugueses e do mundo. Foram mais de 100 mortos, 500 empresas distribuídas e cerca de 500 mil hectares de área ardida. Foi o maior incêndio florestal de sempre em território nacional, o mais mortífero da História do país e o 11.º mais mortífero a nível mundial, desde 1900. Em outubro, após uma série de acusações de abusos sexuais, o poderoso produtor de cinema Harvey Weinstein é despedido da companhia que fundou e expulso da Academia de Hollywood. Foi o pontapé de saída para o crescimento do movimento #MeToo, que se traduziu na denúncia de milhares de abusos sexuais em vários países.
2018
Portugal acolheu, pela primeira vez, o Festival Eurovisão da Canção. A 19 de maio, o príncipe Harry tornou-se o primeiro membro da família real britânica a casar com uma mulher afro-americana. Meghan Markle, atriz, divorciada, é hoje a duquesa de Sussex. Em junho, pela primeira vez na História, um presidente em exercício dos EUA reúne-se com um líder da Coreia do Norte. Donald Trump e Kim Jong-un apertaram as mãos em frente às bandeiras de ambos os países, na Ilha Sentosa, em Singapura. Em agosto, morreu a «Rainha do Soul», a cantora Aretha Franklin. A 28 de outubro, decorreu o segundo turno das eleições gerais no Brasil que acabariam por eleger Jair Bolsonaro presidente da República. 2018 foi também o ano em que João Sousa se tornou o primeiro tenista português a ganhar o Estoril Open e em que Fernando Pimenta se tornou campeão do mundo na canoagem. O incêndio no Museu Nacional brasileiro destruiu quase todo o acervo sobre a História natural do país. O edifício era a antiga residência da família real portuguesa no Rio de Janeiro.
2019
Impactante: este foi o ano em que Greta Thunberg, a ativista sueca, se tornou a voz de todos os que queriam combater as alterações climáticas. Esteve na origem do movimento juvenil FridaysForFuture, que se espalhou por várias partes do globo, levando os jovens a manifestarem-se na rua. Proferiu discursos poderosos, frente a líderes políticos de todo o mundo. Um dos mais marcantes aconteceu em setembro, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, em que acusou os líderes mundiais de traição e de passividade face à crise ambiental. «Como ousam?», repetiu várias vezes. As imagens do violento incêndio que destruiu parcialmente a Catedral de Notre Dame, em Paris, também ficaram na memória. Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e autoproclamado presidente interino do país, iniciou uma ofensiva para tentar derrubar o governo de Nicolás Maduro. O plano falhou. Aos 67 anos, morreu o cantor e compositor luso-brasileiro Roberto Leal, embaixador da cultura portuguesa no Brasil. E a 31 de dezembro, a Organização Mundial da Saúde reportou dezenas de infeções de uma pneumonia viral, de causa desconhecida, na cidade de Wuhan, na China.
2020
Grave e mortífera, a doença infeciosa causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda 2 (SARS-CoV-2) disseminou-se rapidamente por todo o mundo conduzindo à maior recessão económica desde a Grande Depressão. Em Portugal, o primeiro caso chegou a 2 de março, tendo a Organização Mundial da Saúde declarado a pandemia poucos dias depois. A COVID-19 paralisou o planeta, tem matado milhões de pessoas e levou vários governos a declarar sucessivos estados de emergência, confinamentos compulsivos, entre outras medidas drásticas. Mas este também foi o ano em que, nos EUA, eclodiram protestos contra o racismo que reverberaram por todo o mundo, após a morte de George Floyd: um homem negro sufocado por um polícia branco, numa operação policial em Minneapolis. Em agosto, diversas explosões num armazém contendo nitrato de amónio, no porto de Beirute, Líbano, deixaram mais de cem mortos. Em novembro, Joe Biden venceu as eleições presidenciais, enquanto Kamala Harris foi eleita a primeira mulher, a primeira negra e a primeira asiático-americana a ocupar o cargo de vice-presidente dos EUA. Trump saiu derrotado. A 2 de dezembro, o Reino Unido anunciou a vacina BNT162b2 da Pfizer-BioNTech, sendo o primeiro país do mundo a aprovar um fármaco contra a COVID-19.
2021
O ano ainda não terminou, mas eis o que já se pode contar sobre ele. A 6 de janeiro, um grupo de apoiantes de Donald Trump, convocado por ele, invadiu o congresso dos EUA, em Washington, para protestar contra o resultado das eleições presidenciais de 2020, alegando que houve fraude nas votações que levaram à derrota do então presidente. Por cá, Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito, sem surpresa. O Reino Unido deixou oficialmente de fazer parte da União Europeia e, em março, Francisco aterrou no Iraque para a primeira visita de um papa àquele país. Em abril, morreu o príncipe consorte Filipe, Duque de Edimburgo, aos 99 anos, no Reino Unido, e Raúl Castro renunciou ao cargo de primeiro-secretário do Partido Comunista Cubano, encerrando mais de 62 anos de governo dos irmãos Castro. Em abril, a Justiça dos Estados Unidos condenou o ex-polícia Derek Chauvin pelo assassinato de George Floyd, num julgamento histórico. Em maio, morreu a atriz Maria João Abreu, vítima de aneurisma e recentemente morreu o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, com 81 anos, vítima de dificuldades respiratórias. Estas duas décadas começaram e (quase) terminaram a tocar os mesmos temas. Em agosto, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou a retirada das tropas americanas do Afeganistão, depois de 20 anos de intervenção, e os talibãs retomaram o controlo do país. 
A Villas&Golfe, que está consigo desde os atentados que conduziram a essa intervenção militar, também completa 20 anos. Continuaremos juntos, consigo desse lado, a contar e a ser parte da História, de Portugal e do mundo.
T. Filomena Abreu
F. Direitos Reservados